O juiz federal Rafael Ângelo Slomp decidiu nesta terça-feira (2) manter presos quatro dos cinco detidos na Operação Cash Delivery, que cumpriu mandados em endereços ligados ao ex-governador de Goiás e candidato a senador Marconi Perillo(PSDB). O único a ser liberado é o advogado Pablo Rogério de Oliveira. A TV Anhanguera entrou em contato com a defesa dele, que reiterou que ele é inocente.
No caso de Jayme Rincón— coordenador de campanha do atual governador e candidato à reeleição, Zé Eliton (PSDB) – e Márcio Garcia de Moura – policial militar e motorista de Rincón –, a prisão foi convertida em preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. Já nos do empresário Carlos Alberto Pacheco Júnior e do engenheiro civil e filho de Jayme, Rodrigo Godoi Rincón, a prisão temporária foi prorrogada por mais cinco dias.
Os prazos de prisões deles venceriam à meia-noite. À TV Anhanguera, a advogada de Jayme Rincón E Rodrigo Godoi Rincón disse que ainda não definiu os próximos passos no processo. A reportagem também tentou contato com a defesa de Márcio Garcia de Moura por telefone, por volta de 21h30, mas não teve as ligações atendidas.
Jayme Rincon é preso em operação da Polícia Federal, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/ TV Anhanguera
Todos os envolvidos sempre negaram envolvimento com o suposto esquema criminoso. A Operação Cash Delivery apreendeu mais de R$ 1 milhão na última sexta-feira (28) e investiga recebimento de propina de R$ 12 milhões durante as duas últimas gestões de Perillo à frente do governo do estado, em troca de favorecer empreiteiras em contratos. No pedido para autorização dos mandados, a PF afirmou que não solicitou a prisão de Perillo por causa da lei eleitoral. A legislação determina que candidatos não podem ser presos 15 dias antes do pleito, a não ser em flagrante. Esse prazo começou a contar no dia 22 de setembro.
A Polícia Federal convocou o ex-governador para prestar esclarecimentos sobre as investigações. Porém, a defesa pediu que isso acontecesse após as eleições. Durante a operação, os celulares de Marconi Perillo e da esposa, além do computador da filha, foram apreendidos.
Documento da Justiça com explicação sobre o motivo de não ter sido pedida a prisão do ex-governador de Goiás Marconi Perillo — Foto: Reprodução/TV Globo
Investigações
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Perillo, quando ainda era senador e depois como governador, pediu e recebeu propina para favorecer a Odebrecht em contratos e obras. Os valores, segundo as investigações, foram de R$ 2 milhões em 2010 e R$ 10 milhões em 2014.
Na denúncia, Marconi Perillo é citado como líder do esquema. Jayme Rincón é apontado como braço-direito do ex-governador, responsável pela entrega do dinheiro solicitado pelo político. O filho de Jayme, Rodrigo Rincón, teria colaborado diretamente com o recebimento do dinheiro, tendo sido beneficiário de parte dos pagamentos.
Além disso, os policiais militares Sergio Rodrigues de Souza (falecido) e Márcio Garcia de Moura teriam transportado o dinheiro conforme pedidos de Marconi, assim como Pablo Rogério de Oliveira e Carlos Alberto Pacheco Junior.
Tabela que mostra supostos repasses de propina ao ex-governador Marconi Perillo — Foto: Reprodução/TV Globo
Ao todo, foram cumpridos 14 de busca e apreensão. A ação ocorreu em cinco cidades – Goiânia (GO), Pirenópolis (GO), Aruanã (GO), Campinas (SP) e São Paulo (SP). Foram apreendidos R$ 80 mil na casa de Jayme Rincón. Outros R$ 940.260, na casa do motorista dele.
De acordo com as investigações, a propina era entregue em dinheiro em espécie e transportada em malas e mochilas. O MPF apontou que houve ao menos 21 entregas do dinheiro irregular em 2014 feitas a mando da Odebrecht para favorecer Perillo.
Também segundo o MPF, os indícios colhidos nas apurações mostram que Perillo atuava como chefe do grupo e Rincón era braço direito dele.