Matéria publicada por O Popular em março deste ano mostrou como a fraude para alavancar Goiás no ranking do IDEB foi operacionalizada com a extinção sigilosa do ensino médio noturno.
O jornal O Popular, antecipou, em reportagem publicada em março deste ano e assinada pelo jornalista Márcio Leijoto, a fraude que a Seduce montou para alavancar a colocação de Goiás no ranking do IDEB – hoje um dos motes da campanha do governador Zé Eliton e do ex Marconi Perillo, que apresentam em seus programas eleitorais a Educação estadual como “a melhor do Brasil”.
Não é verdade. Segundo O Popular, a manipulação dos índices de Goiás no IDEB se deu a partir da extinção do ensino médio regular no período noturno, o que foi feito sem divulgação. Em seu lugar, foi criado um programa especial (o PROFEN – Programa de Fortalecimento do Ensino Noturno), que passou a considerar todos os alunos matriculados neste horário como estudantes do EJA (Educação de Jovens e Adultos), sigla para o ensino supletivo, e não mais alunos do ensino médio.
Com isso, em um passe de mágica, mais de 17 mil alunos foram excluídos dos cálculos para o IDEB, que considera, além da prova presencial, também as taxa de evasão e de aprovação nas séries regulares do ensino médio. É aí que a Seduce de Raquel Teixeira descobriu o ovo de Colombo: com a retirada das turmas noturnas das escolas da rede estadual, que têm rendimento escolar menor e números elevados em evasão e aprovação, a média dos alunos que sobraram subiu automaticamente. Estava pronta a grande ilusão: o IDEB da rede estadual deu um salto.
Já em março deste ano, na reportagem que publicou sobre o assunto, O Popular fazia uma previsão: o fim do ensino médio regular noturno na rede estadual de ensino em Goiás iria melhorar artificialmente o desempenho do ensino médio estadual como um todo no IDEB. E foi exatamente o que aconteceu, não como reflexo de qualquer evolução na qualidade do ensino, mas como resultado da mudança na base de cálculo do indicador, no caso da rede estadual. O que houve, portanto, foi uma fraude.
É fácil entender como foi montada a fraude: o IDEB leva em consideração os resultados de uma prova, mais os índices de evasão e de aprovações no final das séries. Ou seja: exame presencial + taxa de abandono + taxa de aprovação. Todos esses três indicadores foram convenientemente “trabalhados” pela gestão de Raquel Teixeira, para confluírem na suposta boa colocação de Goiás no ranking.
Mas, para o cômputo do IDEB, os índices de evasão e de aprovação são os mais importantes. A redução de um e a elevação de outro implicam automaticamente no avanço da posição de um Estado. E o que Raquel Teixeira fez? Ela retirou os alunos dos cursos noturnos da rede estadual do cálculo da taxa de evasão e de aprovação. Por um motivo simples: quem estuda à noite trabalha durante o dia e, quando vão para a escola, estão cansados e não mostram rendimento adequado – e há também muita reprovação. E, consequentemente, o número que abandona as aulas ou não consegue aprovação é muito alto. E sem falar que não se dariam bem na prova presencial. Raquel criou um emaranhado de portarias e resoluções, transferindo os alunos dos cursos noturnos, sem que eles soubessem, para um programa chamado PROFEN – Programa de Fortalecimento do Ensino Noturno, que, na prática, equivale ao ensino supletivo (tecnicamente chamado de EJA – Educação de Jovens e Adultos) e não entra na conta do IDEB. Cerca de 17 mil estudantes foram migrados, sem saber até hoje que isso aconteceu.
Essa manobra foi descoberta, em 2017, pelo jornal O Popular, que fez uma denúncia: a Seduce havia simplesmente extinguido o ensino médio noturno regular em Goiás, com o objetivo de alcançar artificialmente um salto no IDEB do Estado. O Popular concluiu que a operação, que não foi informada aos alunos, foi montada exclusivamente para que o Estado chegasse a esse objetivo.
Fonte: blog do jose luis Bitencourt.