Bruno Pena: “O pouco que mudou na OAB foi para pior”

Foram dez anos de oposição até que o advogado Bruno Pena pudesse comemorar uma vitória na eleição para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seção Goiás. Em 2015, atuando como coordenador de campanha do presidente Lúcio Flávio Siqueira de Paiva, Pena saiu vitorioso, mas, em julho de 2016, renunciou ao cargo de presidente da comissão de prerrogativas da Ordem. O motivo, segundo ele, foi uma mudança de comportamento do representante máximo da advocacia em Goiás.
“Renunciei ao cargo e rompi com a gestão com seis meses, mas eu digo que não foi um rompimento meu com o presidente, foi um rompimento dele com uma carta-programa elaborada em um projeto político construído para as eleições. O rompimento foi dele, que não cumpriu o que foi acordado com a advocacia. A pessoa que hoje preside a OAB-GO não corresponde à pessoa que disputou as eleições em 2015.”, diz o advogado.
Pena não foi o único que, ao longo dos últimos três anos, deixou de ser aliado de Lúcio Flávio por discordar dos posicionamentos do presidente. Nomes de peso da advocacia e que contribuíram com destaque e muita energia a campanha dele, como Leon Deniz, Manoela Gonçalves, Leandro Bastos, Danúbio Cardoso, Waldemir Malaquias e Carla Zanini anunciaram a saída da gestão, engrossando as fileiras dos dissidentes.
Segundo Pena, o alto número de pessoas que deixaram a gestão mostra bem como muito pouco foi feito pela OABGO no mandato de Lúcio Flávio. Para exemplificar seu argumento, o advogado cita a advocacia jovem, que, segundo ele, apostou no presidente para mudar sua realidade, mas foi abandonada.
“Não tem um setor da advocacia mais abandonada pela atual gestão do que advocacia em início de carreira. A atual gestão não fez absolutamente nada em favor desses jovens. Havia sido prometido um piso salarial, mas nada foi feito nesse sentido. Ele prometeu acabar com a cláusula de barreira, mas, de novo, nada fez”, critica.
Pena cita também o descumprimento de compromissos do presidente da OABGO com as subseções como outro motivo para o rompimento. “Ele prometeu independência e autonomia para os presidentes de subseção, mas depois de eleito não promoveu sequer a indicação do delegado da Casag e da ESA em suas respectivas subseções. Não houve autonomia orçamentária, continuando as subseções a irem na OAB com o pires na mão”, relata.
Bruno Pena também aponta críticas à forma que tem sido gastos os recursos da OABGO: “Mesmo na gestão das contas da instituição não se pode notar grandes avanços. O que há é uma estrutura de comunicação muito forte, para se construir uma aparência que não corresponde à essência desta administração. Para se ter uma ideia, o marqueteiro que cuidou da campanha de Lúcio Flávio, foi contratado pela OABGO logo no início da gestão por um valor mensal de algo em torno de R$12.000,00. Fora os gastos da entidade com a Rádio Jovem Pan, da qual ele também é sócio. Para se ter uma ideia, só no mês de novembro de 2017, a OAB pagou a essa rádio R$15.000,00”.
De novo na oposição, Pena, Leon e os outros dissidentes decidiram apoiar o criminalista Pedro Paulo de Medeiros, líder do movimento Nova Ordem e pré-candidato de oposição à Presidência da OABGO. Para o advogado, a vitória de Lúcio em 2015 implodiu um grupo que se manteve no poder por mais de 30 anos, o que reconfigurou todo o quadro político da advocacia goiana.
“Decidimos apoiar o Pedro Paulo para encabeçar um novo projeto de oposição à atual gestão da OAB, que não cumpre o papel que se propôs a cumprir na eleição. É um projeto político novo, que está sendo construído por pessoas que vieram de vários seguimentos, que já não existem mais, tais como Renovação, Forte, e Independente. É um novo projeto construído e fundamentado sobre novas premissas, um projeto plural que envolve toda a advocacia”, afirma Pena.
Segundo ele, as críticas à união da oposição só existem por medo da força do novo grupo que foi formado. “A atual gestão não pode criticar nosso grupo por termos, entre nós, antigas lideranças da OAB Forte. Eu, Leon e outros passamos dez anos em incessante oposição à gestão que dirigia a OAB. Onde estava Lúcio Flávio? Era professor da ESA na época da OAB Forte. O vice-presidente, Thales José Jayme, foi secretário-geral da OABGO nos triênios 1998-2000 e 2001-2003, todos gestão Forte; e conselheiro federal da OABGO nos triênios 2004-2006 e 2007-2009, também da Forte. O tesoureiro, Roberto Serra, era juiz do Tribunal de Ética e Disciplina na gestão da Forte. O Secretário-Geral pedia votos para se tornar desembargador na época da OAB Forte. O Diretor da ESA, Rafael Lara, era conselheiro seccional suplente da OAB Forte. Existem pessoas da OAB Forte de todos os lados”, finaliza.

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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