Redes sociais, ruas e TV não mudaram ​as pesquisas: Caiado leva no 1º turno

A menos de 30 dias para a eleição, não há mais nada que possa acontecer para mudar o resultado.

Esta é uma eleição igual a todas as outras, em Goiás, mas com uma campanha diferente. Tempo curto, morte definitiva das mobilizações de rua com a falência dos comícios, as carreatas ou as caminhadas, esvaziamento do interesse do eleitor pelos programas eleitorais na TV e, finalmente, a presença forte das redes sociais, que ninguém sabe ainda se produz ou produziu dividendos para os candidatos. São condicionantes nunca antes vistos em qualquer pleito e que, não sendo compreendidos com exatidão pelos estrategistas de cada coligação envolvida na disputa e menos ainda entendidos pelos marqueteiros e comunicólogos que trabalham para elas, estão encaminhando a decisão que virá das urnas.
O cenário é claro: Ronaldo Caiado vence. Com grande probabilidade, será no 1º turno mesmo, considerado o fato de que – a se medir pelo único fator objetivo de avaliação eleitoral disponível, que são as pesquisas – é quem conta com a melhor trajetória. Se um candidato vai bem ou não, são as pesquisas que dizem, ao revelar as tendências das intenções de votos. Zé Eliton e Daniel Vilela, por esses levantamentos, estão na trilha errada, pois não crescem e não saem do lugar, atolados ambos no empate técnico em 2º lugar, 30 pontos em média atrás de Caiado, o que representa cerca de 1.000.000 de votos de diferença.
Caiado, avalizado como o campeão dessa eleição por mais de 10 institutos de pesquisas, faz a mesma campanha desde sempre. Não precisou e não precisa alterar suas premissas básicas. É “guerreiro, sério, bravo e lutador”, como foi apresentado em um dos seus programas de TV. Oferece aos goianos uma mudança radical, pois está posicionado com clareza contra o grupo que mofou após 20 anos de poder inconteste. Mudança é tema de bom tom em qualquer eleição. É natural. É um conceito inerente: faz-se uma eleição para mudar, não para continuar.
O ZÉ “HUMILDE”
Continuar é o que pretende Zé Eliton, mesmo tentando incorporar a palavra “mudança” ao seu discurso de difícil compreensão, que agora evoluiu para uma insistente e repetida declaração de humildade e da vida transformada em luta renhida para um dia chegar ao posto de governador, depois de muita ralação. Se o eleitor se convencer de que são qualidades suficientes para o exercício de tão elevada função, vota no Zé, porém até agora, como ele não cresce nas pesquisas, parece que ninguém caiu nessa conversa. A “humildade” apenas reforça a subordinação do governador a um comando maior, a do seu mentor Marconi Perillo e seu desejo de perpetuidade através de um fantoche, normal nos políticos, tóxico no caso do Zé. Marconi e sua gigantesca rejeição, assumida por quase metade da população, é o veneno que aniquila as chances do candidato tucano.
Entre os dois, enfia-se Daniel Vilela, aparentemente sem perspectivas maiores que não a de se tornar conhecido para voos futuros. Definir a sua candidatura é fácil: obviamente, é a maior proposta de renovação dessas eleições, comparando-se todos os 27 Estados (considerando-se o Distrito Federal). Uma semelhante, em 1998, pegou bem e triunfou, quando o jovem Marconi Perillo derrotou o todo-poderoso Iris Rezende. Outra não é exagero imaginar que só daqui a um século, em outra realidade social, em um outro contexto político e eleitoral. Daniel, por ora, soa como alguém ainda “verde” para o cargo de governador, muito sozinho, sem ninguém de expressão ao seu lado a não ser o pai Maguito Vilela – nome que, se estivesse na eleição, provavelmente estaria entre os favoritos seja para o
Senado seja para o próprio governo.
O quadro é favorável, na integralidade das variáveis do momento histórico do Estado, à vitória de Caiado. E não só pelas suas excepcionais qualidades como candidato. Caiado, pasmem os leitores, é ajudado pelos seus concorrentes, principalmente pelo Zé – o que mais capengou e continua claudicando nesta campanha, por último ao resolver criticar o democrata por ser o que é, e o que é o trouxe à liderança das pesquisas. Quanto mais se falar do temperamento contundente e incisivo de Caiado, mais ele se afirmará como um político corajoso, disposto a ir às últimas consequências para defender as suas ideias e as suas posições, intransigente com a corrupção – portanto, perfeito para o tempo presente da nossa querida pátria amada e o buraco em que está metida.
TARDE DEMAIS
Zé e Daniel deixaram Caiado à vontade até que, às vésperas da data da eleição, resolveram combater a sua confortável situação nas pesquisas. Prazo curto demais, primeiramente. Depois, é que se disse no início desse texto: os métodos convencionais de campanha não funcionam mais. As redes sociais e sua notável penetração, que poderiam ser a novidade, aparentam falar somente para os convertidos a cada candidatura ou então foram e estão sendo usadas incorretamente pelo Zé e por Daniel. Sobra a propaganda no rádio e na TV.
Rádio, ninguém escuta, massivamente falando. Televisão já viveu os seus dias de glória. Em Goiás, o horário eleitoral nunca virou o resultado de qualquer eleição, apenas refletiu conjunturas que estavam postas na sociedade. De resto, há audiência em queda, apatia e hostilidade da população em relação aos políticos, desinteresse e modelos repisados de marketing. Saturado, o eleitor não vê os programas. Quando vê, detesta. Reage mal. No máximo, aprova o que é exibido por aquele que ele já definiu como o seu candidato.
Ponto para Caiado. É bem provável que só ele esteja se beneficiando dos programas eleitorais na TV, tanto faz subindo nas pesquisas quanto permanecendo na espetacular pontuação que já conquistou – lembrando mais uma vez, vencendo no 1º turno com folga. Zé não cola porque é Marconi de novo. Daniel, simpático e bonito, mas imaturo – visão que a sua campanha não mostrou preocupação em afastar do seu perfil e o metamorfoseou em promessa para o amanhã.
ERRO DE ESTRAGTÉGIA
Um erro gravíssimo de estratégia está sendo cometido pelo candidato ao Senado Marconi Perillo. Marconi, que não é candidato ao governo, insiste em fazer ataques pesados ao senador Ronaldo Caiado – ele deu para falar mal da família Caiado, citando fatos históricos distorcidos de mais de 100 anos atrás, e teima em afirmar que, em sua atuação de mais de 30 anos no Congresso, Caiado nunca trouxe “um prego ou um parafuso” para Goiás. Mais que as palavras, a cólera que a inflexão de voz do ex-governador revela, quando transita por essas parlapatices, incomoda quem sempre o estimou pelo equilíbrio e sensatez.
Ocorre que estratégia agressiva de campanha costuma dar errado e se voltar contra quem a adota. Tirando o equívoco dessas acusações sem nenhum fundamento que marcam o ex-governador como propagador de notícias falsas e com uma agressividade que ele nunca demonstrou em outras campanhas, quando sempre foi comedido e defendeu o debate de alto nível, o problema é que, para vencer a corrida senatorial, Marconi precisa de votos do eleitorado caiadista, maioria esmagadora, hoje em torno de 60% de todos os que vão comparecer às urnas (conforme as pesquisas). De cada 10 eleitores que estão decididos a votar, dois cravarão branco e nulo, um escolherá Zé Eliton, um preferirá Daniel Vilela e seis teclarão Caiado.
Além disso, há na base governista uma certa preferência oculta por Caiado, que vem da admiração pelo seu nome e seu trabalho político e parlamentar e mesmo da tradição, uma vez que o democrata a ajudou a construir e a apoiou por anos e anos a fio. É por isso, inclusive, que ele está tão bem nas pesquisas. Esses setores entendem que há uma inimizade de caráter pessoal entre Caiado e Marconi, mas… nenhuma incompatibilidade entre Caiado e a base governista. A estratégia de ataques do tucano-chefe, portanto, não passa de um erro cavalar, que compromete a sua eleição e estimula a sua rejeição, hoje em níveis estratosféricos. Confirma que Marconi já foi Marconi e agora não o é mais.

*José Luiz Bittencourt é jornalista e autor do Blog do JLB – blogdojlb.com.br

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Alan Ribeiro
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