Vitória catártica não pode apagar que Neymar foi mal, mental e tecnicamente

O Brasil venceu de forma catártica a Costa Rica, o que fez jogadores brasileiros saírem comemorando muito após o apito final. Algo absolutamente compreensível. Neymar sentou em campo e pareceu chorar, emocionado. O que merece reflexão não é só essa reação, mas o jogo que o principal jogador brasileiro fez. Foi abaixo do esperado, tomou muitas decisões erradas, como no pênalti que foi anulado, e se descontrolou emocionalmente, tomando um cartão amarelo à toa, o que poderia ter prejudicado seriamente o time. Tecnicamente, Neymar fez pouco. Não conseguiu ajudar o coletivo e isso é preocupante. Será preciso melhorar isso para o seguimento da Copa.

No primeiro tempo, Neymar segurou a bola em alguns lances, o que ocasionou muitas faltas nos primeiros 20 minutos de jogo. Um problema que ele já tinha enfrentado contra a Suíça, mas ali ele não mudou a postura. Desta vez, começou a passar mais rapidamente a bola quando viu que não jogaria de outra forma. Mas a atuação no primeiro tempo do time inteiro foi fraca. O time circulou a bola de forma pouco efetiva. Neymar parecia não estar fisicamente bem. Até errou um domínio de bola fácil no pé direito, o operado, e pareceu sofrer mais para fazer todos os seus movimentos, que saem tão naturalmente quando ele está bem.

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Na segunda etapa, o Brasil veio melhor, mas Neymar continuou errando muito nas escolhas. Em um dos lances, aos 26 minutos, ficou de frente para o gol, mas ele chutou muito mal, mandando para fora. Errou um lance que, em geral, ele acerta o alvo. Se de um lado Douglas Costa conseguia dar fluidez ao time tomando decisões rápidas e eficientes, Neymar não conseguia fazer o mesmo pelo lado esquerdo. E, com isso, Marcelo também não conseguia jogar bem. Aliás, o lado esquerdo não ia bem. Coutinho não conseguia se aproximar dali e buscava o jogo mais pelo meio. O jogo era melhor quando não passava por ali. Até Paulinho, que cai mais pela direita, passou a participar mais do jogo, tentar tabelas e os lances começaram a sair.

O lance que melhor exemplifica os erros de escolhas de Neymar é justamente o pênalti, que acabou anulado pelo VAR. Foi um ótimo contra-ataque do time, com Douglas Costa tocando para Gabriel Jesus e o camisa 9 abriu para Neymar. Era um lance de frente para o gol, uma ótima oportunidade que caiu na perna esquerda do camisa 10 brasileiro. Em condições normais, ele possivelmente chutaria a gol, como fez contra a Espanha, em 2013. Ele não quis chutar, cortou para o meio, o zagueiro encostou nele e ele caiu. O árbitro Bjorn Kuipers marcou pênalti, inicialmente, até revisar o lance e ver que realmente não foi falta. A mão do zagueiro costarriquenho é normal e o brasileiro fez um espetáculo para se jogar.

Era um lance que Neymar podia decidir. Chegar chutando, batendo bem na bola como poderia fazer. Não fez. Errou, viu o pênalti ser revertido e pareceu perder o que restava de controle emocional. Sem estar fisicamente bem e emocionalmente também descontrolado, as coisas pioraram. Neymar passou a errar mais vezes, seja em posicionamento, seja em escolhas entre passar ou driblar, qual seguimento dar ao lance. Ficou nervoso com o árbitro em um lance, jogou a bola no chão com força e tomou um cartão amarelo que o pendura para o próximo jogo, completamente à toa. Ali, o descontrole prejudicava o Brasil. Havia inclusive uma alteração as fazer e era até de se imaginar que Neymar pudesse sair, tanto pelo físico, quanto pelo emocional.

Depois de tomar o cartão amarelo, e frente a um descontrole, Tite gritava à beira do gramado para que o seu craque não falasse mais com o árbitro. Certamente temia pelo pior. Uma reclamação acintosa poderia tornar o descontrole emocional, que já era um problema, em uma expulsão, que prejudicaria o time não só no resto do jogo, mas no próximo. Por isso, era até compreensível se, diante de um Neymar tão nervoso, Tite decidisse sacar o craque. Não foi o que aconteceu.

No final, o gol de Coutinho, já aos 46 minutos do segundo tempo, deu a tranquilidade que o time precisava. Depois do gol, com seis minutos de acréscimos para jogar – àquela altura, cinco -, o Brasil ficou confortável em campo. Foi quando Neymar, mesmo sem fazer um grande jogo, deu um chapéu carretilha no adversário, aos 51 minutos. Um lance que pode ser visto como uma tentativa de desestabilizar o adversário, mas também pode ser visto como algo inadequado para o que o jogo estava oferecendo. Neymar não jogava bem, errou demais e poderia soar uma provocação. Se foi, a Costa Rica não caiu. Não fez falta, a bola passou, o lance não deu em nada. Pouco depois, foi Neymar que marcou o segundo gol, em um lance que o Brasil aproveitou os espaços dados pelo adversário que, desesperadamente, tentou uma reação depois de levar um gol nos acréscimos.

Depois do jogo, o choro pareceu um pouco demais. No momento mais tenso da Copa 2014, quando Thiago Silva senta na bola após o fim de prorrogação contra o Chile, nas oitavas de final, ele foi justamente criticado pela postura. O choro ao final do jogo parece um desabafo de alguém que sai de campo aliviado. Aliviado porque o time venceu, depois de tanta pressão. Mas dessa vez, o Brasil não venceu por causa de Neymar. Ele, por vezes, talvez tenha mais atrapalhado com a sua postura. O futebol ainda está longe do seu melhor, possivelmente influenciado por condições físicas que parecem piores do que a CBF diz.

O choro traz o holofote para Neymar, quando ele não foi o destaque. Ele pode estar aliviado, sim, de ter feito mais um jogo abaixo do que pode, estar frustrado por suas condições físicas não o permitirem ser o jogador que ele sabe que é, ou mesmo porque se irritou por comentários sobre ele feitos por analistas – dos bons aos ruins, dos que analisam a sua bola ou o seu cabelo. Um jogador do seu tamanho tem que saber que ele terá que lidar com isso. A vida de superestrela tem isso e cabe a ele ser o Neymar em campo que justifica o que ele é fora dele, essa estrela tão conhecida mundialmente.

O Brasil não tem um líder que possa orientar Neymar. Ele se tornou um jogador maior que qualquer um no vestiário e, sem um líder claro no grupo, fica difícil imaginar que alguém vá conversar com ele para o repreender pelo comportamento em campo, como já não vimos isso acontecer em campo. O único a fazer isso foi Tite e é quem pode fazer, de fato, algo para mudar isso. O rodízio de capitães, implantado por Tite, pode ser um problema nesse sentido: se não há um líder claro, o rodízio não desenvolveu nenhum. Se a ideia era de ter muitos líderes, o Brasil segue sem um. Em campo, claramente falta isso, alguém que consiga orientar o time, olhar o que está errado, ser o representante do técnico e mesmo corrigir problemas, como de comportamento. Resta saber se fora de campo Tite, que puxou para si essa responsabilidade, conseguirá resolver essa questão. Até porque Neymar, mesmo sem estar 100%, pode sim ser absolutamente decisivo para o Brasil e ser fundamental para a Seleção ir longe na Copa.

Fonte Trivelalogo-trivela

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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