
Greve de caminhoneiros, no 5º dia, causa reflexos pelo país.
Governo e representantes de caminhoneiros anunciam acordo para suspender greve; mesmo com acordo, caminhoneiros mantêm protestos e muitos de dizem não representados.
Após reunião no Palácio do Planalto na tarde desta quinta-feira (24/5), o movimento dos caminhoneiros grevistas sofreu um racha. A maioria das entidades participantes do encontro aceitou o pedido do governo para uma trégua na paralisação. No entanto, um grupo capitaneado pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) – que diz representar cerca de 700 mil caminhoneiros – rejeitou o pleito e mantém a paralisação.
Após o encontro, conforme pontuou o presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes, o grupo ligado à associação manterá a greve até o Senado Federal votar a proposta aprovada nessa quarta (23) na Câmara, que desonerou o imposto PIS/Cofins do óleo diesel.
Lopes ressaltou que, na reunião de hoje, o governo apenas apresentou um novo pedido de trégua, e não uma proposta. Ainda segundo afirmou o dirigente, ele espera ter o apoio da maior parte dos caminhoneiros envolvidos nos protestos: “A maioria aí dentro [aceitou o pedido de trégua do governo] sim, mas a que está lá fora não. Eles estão aguardando o meu pronunciamento, que é o mesmo de ontem. Só levantamos o movimento depois de assinada e carimbada a lei responsável por revogar dos combustíveis o Pis e a Cofins”.
Com a falta de entendimento, pelo menos parte da greve, que já se estende por cinco dias, está mantida.
Há também falta de gás de cozinha, limitações às compras em supermercados e aumento no preço de diversos itens. A batata e o tomate, por exemplo dobraram de preço na Ceasa.
Antes da entrar para a reunião, o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, Diumar Bueno, conversou com jornalistas. Conforme afirmou à imprensa, antes de deflagrar a paralisação, a categoria pediu ao governo que suspendesse os sucessivos reajustes nos combustíveis e iniciasse uma negociação. No entanto, segundo o dirigente, “o governo não teve responsabilidade e respeito e deixou esse movimento acontecer”.
Já quanto à promessa da Petrobras de não reajustar o preço do diesel por 15 dias, anunciada nessa quarta-feira (23), Bueno disse que o prazo “não é garantia nenhuma”, pois “infelizmente a categoria não dá credibilidade a promessas feitas pelo governo”. “Queremos respostas conclusivas e com efeitos imediatos”, afirmou à imprensa.
Congresso Nacional
Sem acordo com o Executivo, a principal esperança dos manifestantes é o Congresso Nacional, que também analisa medidas com o objetivo de dar um fim à paralisação. Na noite de quarta (23), a Câmara aprovou uma proposta de desoneração do imposto PIS/Cofins sobre o diesel, maior reivindicação dos caminhoneiros.
Negociações anteriores
Representantes dos caminhoneiros e do governo federal já haviam participado de uma rodada de negociações na quarta (23). À ocasião, o Executivo pediu uma “trégua” na paralisação para que houvesse uma nova tentativa de acordo, mas o pedido também foi negado.