
Está sendo investigado o pagamento de propina na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
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A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (9/3) mais uma fase da Operação Lava Jato (49ª). Na mira estão agentes públicos e políticos suspeitos de envolvimento no pagamento de vantagens indevidas nos contratos da obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Entre os alvos estão o ex-deputado federal Antônio Delfim Netto e o sobrinho dele, o empresário Luiz Appolonio.
O também ex-ministro da Fazenda é suspeito de receber propina que seria direcionada ao MDB e ao PT em função de sua atuação no consórcio Norte Energia, responsável pela obra. “As provas indicam que o ex-ministro recebeu 10% do percentual pago pelas construtoras a título de vantagens indevidas, enquanto o restante teria sido dividido entre o MDB e o PT, no patamar de 45% para cada partido”, explicou a força-tarefa da Lava Jato.
Estão sendo cumpridos nove mandados de busca e apreensão no Paraná e São Paulo. Um deles na casa de Delfim Netto e outro na residência de um assessor dele. A nova fase foi batizada de Buona Fortuna. Os mandados foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba.
Maior projeto brasileiro no setor elétrico, a Belo Monte tem a conclusão prevista para janeiro de 2019. O investimento estimado é de R$ 28,9 bilhões.
As investigações apontam que a Norte Energia teria direcionado “o contrato de construção da usina a outro consórcio, formado por empresas que deveriam efetuar pagamentos de propina em favor de partidos políticos e seus representantes, no percentual de 1% do valor do contrato e seus aditivos”.
O leilão da hidrelétrica foi vencido pela Norte Energia, formado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) – subsidiária da Eletrobras -, Construtora Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, entre outras empresas. Porém, a Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht acabaram contratadas para a construção da usina.
As defesas de Appolonio e Delfim Netto informaram que só vão se manifestar após terem acesso aos dados da investigação.
Histórico
Delfim Netto não é o único político envolvido em denúncias de irregularidades na obra. Em maio de 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou abertura de inquérito para investigar o senador Edison Lobão (MDB) por desvios em Belo Monte. À época do pagamento das supostas propinas ele era ministro de Minas e Energia.
Em junho daquele ano, foi aberto inquérito, pelo mesmo motivo, para investigar os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Romero Jucá (MDB-RR), Valdir Raupp (MDB-RO) e Jader Barbalho (MDB-PA). Todos são suspeitos pela prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A investigação começou a partir da delação premiada de Luiz Carlos Martins, funcionário da empreiteira Camargo Corrêa, e também dos relatos feitos pelo senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS) no acordo de delação premiada assinado por ele.