
Postagens em perfis pessoais são usados para avaliação de funcionários contratados e de candidatos.
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Mais do que uma forma de lazer, comunicação e entretenimento, as redes sociais fundem os ambientes pessoal e a profissional e funcionam como ferramenta de networking e marketing pessoal. Vantajosa para alguns, essa fusão pode ser perigosa para os mais distraídos, que acabam por denegrir a própria imagem com postagens inadequadas, que podem gerar de um simples mal estar no ambiente de trabalho a polêmicas decisões judiciais.
De olho em compartilhamentos, marcações e comentários, gestores e profissionais de recursos humanos verificam a compatibilidade do perfil do profissional com os valores da empresa para balizar decisões de contratação e até mesmo de demissão. Segundo pesquisa publicada pela Jobvite, que consultou recrutadores de todo o mundo, mais da metade deles sempre verifica o perfil dos candidatos durante o processo de seleção e 55% reconsideraram a contratação de candidatos com base no conteúdo que encontram, sendo que, em 61% dos casos, o resultado da avaliação é negativo.
“As nossas redes sociais são como vitrines profissionais. É recomendável que a pessoa as utilize como uma extensão do seu trabalho, pois tudo o que compartilha se torna um rastro na rede por um longo tempo”, diz Adriano Tadeu Barbosa, especialista em marketing pessoal.
O cuidado não se restringe somente a quem procura uma colocação no mercado. Uma reclamação sobre o trabalho no Facebook rendeu a um aprendiz de Cascavel, no Oeste do Paraná, sua demissão por justa causa. Somente em maio deste ano o Tribunal do Trabalho do Paraná (TRT-PR) reverteu a decisão devido ao conteúdo da postagem, relacionado à dificuldade de obtenção de férias. Em outros casos, a decisão foi em favor do empregador, como no TRT de Campinas, que apoiou uma concessionária de motos pela demissão por justa causa de um funcionário que curtiu e comentou postagens que difamavam a sócia da empresa.
Atualmente, as postagens nas redes sociais são aceitas como provas legítimas na Justiça e, na opinião de Márcio Ferezin, advogado e professor de Direito do Trabalho na Universidade Presbiteriana Mackenzie, apesar de a interpretação ser subjetiva, tem havido coerência nas decisões dos tribunais. “Uma premissa básica que aplicamos é que o direito acompanha a vida em sociedade. Na rede social, parte-se de um pressuposto que é a própria pessoa quem está alimentando o conteúdo, portanto, já se tem uma presunção de veracidade”, diz.
Profissionais da área de gestão de pessoas alertam que mesmo atividades pessoais feitas fora do horário do expediente podem ser consideradas comprometedoras à imagem profissional do usuário e até mesmo da empresa. “A empresa é como um sobrenome. O comportamento fora do ambiente de trabalho tem impacto direto sobre a companhia, principalmente considerando o alcance das redes”, diz Rejane Teresinha Sozin Giaccomini, diretora da RTS Consultoria de RH. Quanto às reclamações, seu conselho é ser transparente e fazê-las diretamente ao superior ao invés de expô-las na rede.
Segundo Adriano Barbosa, o maior deslize dos profissionais é o excesso de exposição. “Postam desde a hora que acordam até a hora de ir dormir, é uma forma de chamar atenção e tentar ser popular, mas que acaba tendo o efeito contrário”, diz. Por outro lado, o excesso de autopromoção também pode ser danoso, pois o profissional pode se mostrar forte e decidido na rede sem que isso corresponda às suas atitudes no dia a dia. “O segredo é encontrar um equilíbrio e ser verdadeiro”.