O que estou fazendo com as minhas partes que ficaram paradas?
O que está você fazendo com as suas.
O que estou fazendo para renovar o que há de antigo em mim, tão arraigado que até já o suponho convicção?
O que você está fazendo com que há de antigo em você, e que talvez se exteriorize com a aparência de ser o mais moderno?
Somos como o ano velho. Como um acumulado de anos velhos, amontoados. Vivemos a repetir o que já sabemos, o que já experimentamos. Repetimos, também, sentimentos, opiniões, idéias, convicções. Somos uma interminável repetição, com raras aberturas reais e verdadeiras para o novo do qual cada instante está repleto.
Somos mais memória do que aventura.
Somos mais eco do que descoberta.
Somos mais resíduo do que suspensão.
Somos indissolúveis, pétreos, papel carbono, xerox existencial, copiadores automáticos de experiências já vividas, fotografias em série das mesmas poses vivenciais. Somos um filme parado com a ilusão de movimento. Só acreditamos no que conhecemos. Supomos que conhecer é saber. Fulano? conheço a cinco anos, muito embora so o tenha visto pelas redes sociais.
O ser humano é feito de tal maneira inseguro que a sua tendência é sempre a de reter as experiências e fazer da vida uma penosa e longa repetição do já vivido.
Aceitar a mudança e a transformação é ameaçar tudo o que o homem adquiriu e guarda com apego, para tentar explicar a realidade e a vida.
Por isso é mais cômodo, fácil e simples para o ser humano cair na repetição do que já é, do que já sabe, do que já viveu. Ele chega a chamar isso de “conhecimento”, quando é, apenas, cristalização de um saber anterior.
… Criar é manter a vida viva. Criar é ganhar da morte. Morte é tudo o que deixou de ser criado. Criatividade é, pois, um conceito contido no de vida. Não há como separar os dois pontos de vista. Vida é criação e criação é vida. Só a criatividade nos dará uma possibilidade de solução para cada novo desafio. As soluções jamais se repetem. Nós é que nos repetimos por medo, comodismo ou burrice. Adoramos repetir, tememos renovar, por isso tanto sofremos.