
É preocupante o quadro de menos valia que o homem está atribuindo para o sofrimento do outro.
A capacidade de permanecer apático ou com um sorriso abobalhado espantado e injustificável na face, o recente vídeo do ator Fábio Assunção preso na cidade de Arco Verde em Pernambuco, mostra claramente uma pessoa que precisa de ajuda, ele é um dependente químico, é um ser humano que está sofrendo, a droga é maior do que a vontade dele, este ator já foi internado, mas nós sabemos da força que a droga tem sobre a própria pessoa.
O dependente pode ter uma reação agressiva e se tornar frio, distante, violento e passar a ter comportamento que abala as estruturas familiares.
O dependente químico é uma pessoa dividida: ela quer parar, mas também não se vê sem a droga.
Cerca de 70% daqueles que se propõem a abandonar o consumo de alguma droga voltam a usá-las, pelo menos, uma única vez nos noventa dias seguintes e 90%, dentro do primeiro ano.
No entanto, apesar de comum, a recaída não é sinal de que o tratamento não deu certo.
Do contrário, ela deve ser entendida como um colapso ou revés na tentativa de uma pessoa mudar ou modificar o comportamento.
A recaída não é um fato isolado, mas uma sucessão de eventos, atitudes, pensamentos e sentimentos “aparentemente relevantes” que antecedem o retorno ao consumo.
Pessoas que, no período de abstinência, continuam frequentando os mesmos locais e grupos de convívio, bem como cultivando hábitos anteriores, tem mais chances de recair.
Ele precisa mais do que nunca de ajuda neste momento.
A banalização do sofrimento é cultural e contemporâneo.
Ou é resultado da inversão de valores, da carência de valores que tem manchado nossa comunidade global.
Precisamos da noção de humanidade, de termos compaixão e solidariedade uns para com os outros. Itens escassos nos dias de hoje. A banalização do sofrimento alheio tem se propagado com maior velocidade, principalmente através das mídias virtuais.
Assim, contribui inadvertidamente para propagar essa incapacidade, esse enrijecimento do que deveria escandalizar, doer em quem vê, incomodar, causar inconformidade e discordância.
No entanto, o que se percebe é a formação de uma geração que ruma para os caminhos da incapacidade de se condoer, de se ofender, de se magoar pelo outro.
Isso se refere sobretudo ao caso da prisão do ator Fábio Assunção, aos nudes, aos atentados terroristas, aos refugiados que morrem na praia, às crianças que apanham todos os dias dos colegas nas escolas, aos mortos que são protagonistas involuntários de fotos que viralizam e de catástrofes que tem endurecido o coração do ser humano, desumanizando-o.
Há, no ser humano, uma fascinação pela dor alheia e pelo sofrimento alheio.
Não raro, vemos filmes históricos que mostram o sofrimento em vias públicas de alguém que foi julgado e condenado, não como caráter punitivos, mas como espetáculo para a platéia ensandecida e abobalhada.
É como se, de uma maneira absurda, o ser humano se alegrasse com o sofrimento do outro, porque afinal de contas, é do outro.
Deste modo, vamos contribuindo conscientemente ou inconscientemente para a (de)formação do nosso futuro.
O futuro da (des)humanidade. Olhemos ao nosso redor e veremos inúmeras possibilidades de sermos úteis ao nosso próximo. Há tantos que necessitam de uma palavra amiga, um sorriso, um aperto de mão, um telefonema.
Há momentos em que uma mínima atitude da nossa parte pode ser essencial para devolver a alguém a coragem e a força para continuar na caminhada da vida. Não nos furtemos em prestar nossa solidariedade a quem quer que seja.
Somos todos irmãos, filhos do mesmo Criador.
Hoje é o ator Fábio Assunção que está necessitando do nosso amor, do nosso carinho, e da nossa compreensão, mas amanhã poderemos ser nós mesmos os necessitados.
Então, deixemos que nossos melhores sentimentos possam emergir, que nossa luz possa brilhar e iluminar a escuridão que esteja circundando a vida ao seu redor.