O Brasil sai do rumo (de novo) Pedro Garcia

A noite desta quarta-feira, 17 de maio, tira o Brasil do rumo que vinha tomando desde que Eduardo Cunha (PMDB) deflagrou, em dezembro de 2015, o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e que levou Michel Temer (PMDB) à Presidência da República cinco meses depois.

As informações reveladas pelo jornal O Globo, que tomaram o país de assalto há pouco mais de uma hora, reinstalam uma crise política que parecia estar indo embora, e em um nível muito mais profundo. Em se confirmando a existência das gravações, essas serão as provas mais contundentes já levantadas durante toda a Operação Lava Jato e Temer, que chegou ao poder proclamando a “salvação nacional” e apoiado por uma parcela da população que clamava pelo fim da corrupção, ficará em uma situação mais do que delicada. O domínio que vinha mantendo sobre o Congresso tende a ruir e a sua legitimidade para defender as reformas estruturantes também. Como se não bastasse, a retomada da economia, que parecia cada vez mais perto, ficará seriamente comprometida.

As próprias condições de Temer seguir à frente do País estarão decisivamente abaladas, sobretudo se houver reação das ruas. Afinal, uma tentativa de obstrução da Justiça por parte do presidente da República é gravíssima. E a pergunta principal: o que Cunha tinha a dizer para Temer querer o seu silêncio?

Se Temer cair – e essa possibilidade é agora muito grande –, o Brasil mergulha em um novo oceano de incertezas.

*Pedro Garcia é editor de política e economia da Gazeta do Sul.

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Alan Ribeiro
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