Paixão de Cristo emociona na Rodovia dos Romeiros

Grupo encena a Vida e Morte de Jesus Cristo em Trindade (Foto: Vitor Santana/G1)

A encenação da Vida, Paixão e Morte de Cristo, feita nesta sexta-feira (14) na GO-060, em Trindade, emocionou atores e fiéis. O público acompanhou as sete horas de apresentação, e percorreu 17 km da Rodovia dos Romeiros, passando pelos paineis que representam os vários momentos de Jesus. “É uma sensação indescritível, tanto por viver esse papel quanto por ver o público emocionado, às vezes até chorando”, disse Herlan Rodrigues Gondim, de 48 anos, que interpreta Jesus.

O ator já participa do teatro há 27 anos, 21 deles no papel do Salvador. Ao longo das quase três décadas no grupo, ele diz que já viveu diversas experiências marcantes.

“Uma vez, ao final da peça, uma família inteira se ajoelhou aos meus pés, chorando, e agradeceram falando que eu tinha curado uma parente deles. Nessa hora você esquece de tudo e só se lembra das passagens bíblicas para amparar aquelas pessoas”, disse Herlan.

Ator interpreta Jesus Cristo há mais de 20 anos em encenação (Foto: Vitor Santana/G1)

Um dos integrantes do grupo relata também que já recorreu ao amigo após um mal estar da irmã. “Estava no ensaio e minha irmã passou mal. Avisei, pedi ajuda a ele e disse que precisava socorrê-la. E o Mestre disse que as providências já estavam sendo tomadas. Cheguei onde ela estava em 30 minutos e ela já estava bem”, disse Landim Silva.

A encenação mostra desde a anunciação de Jesus, feita pelo anjo Gabriel, até sua crucificação e morte. 500 pessoas participam do grupo. Todos são moradores de Trindade e trabalham nas mais diversas profissões.

Entre um painel e outro, muitos fiéis para cumprimentar Herlan e fazer fotos. Com humildade, assim como o personagem que ele interpreta, o ator atende a todos, com paciência e voz calma.

“É muito gratificante isso tudo. Ver, também, no final da peça, que o público se emocionou. É algo inenarrável”.

O caminhoneiro Arnor Cardoso, de 79, é o integrante mais velho da companhia. Há 22 anos ele interpreta Simão, um dos discípulos de Jesus. “A emoção aqui não tem nada a ver com uma religião específica. Jesus, e as histórias contadas são da Bíblia. Então todo mundo, de todas as religiões vêm ver o espetáculo”, contou.

Jesus Cristo é obrigado a carregar sua cruz em encenação (Foto: Vitor Santan/G1)

Agradecimento

Parte dos fiéis segue a pé toda encenação. Entre uma cena e outra, pausas para orações. A servidora pública Lioneusa Lorenço, de 62 anos, vai há quase uma década à encenação da vida e morte de Cristo. Porém, neste ano ela teve um motivo especial para vir: agradecer.

“Trouxe o meu neto de oito meses para assistir. Ele nasceu com problemas de saúde, ficou na UTI e os médicos falaram que ele não ia sair. Rezei para o Divino Pai Eterno e ele melhorou. E hoje trouxe ele para mostrar o tanto que é bonito e que Deus tem poder”, contou.

Público se emociona durante encenação da vida e morte de Jesus Cristo (Foto: Vitor Santana/G1)

Os três últimos painéis são os de maior emoção ao público: a condenação, flagelo e crucificação de Jesus. Cristo caminha carregando sua cruz de madeira durante o trajeto final na rodovia em meio ao público.

Na última parada, o silêncio é total entre os fiéis. Todos acompanham atentamente a representação dos últimos momentos de Jesus.

Durante a crucificação, apreensão. Após a retirada do corpo da cruz, aplausos àquele que morreu para retirar os pecados da humanidade.

“É um espetáculo muito bonito, grande. Eu moro no Paraná, vim a Goiânia pela primeira vez e deu certo de ver o espetáculo. É tudo muito incrível e emocionante”, contou o produtor de vídeo Lucas Miranda, de 23 anos.