José Mayer, Lulu Santos, sua Mãe e o Vizinho

O ator José Mayer foi acusado de assédio por uma figurinista da Globo. A campanha #MexeucomUmaMexeucomTodas segue quente e oportuna. Mas o que tem o Lulu Santos, a sua mãe e seu vizinho nesta história?

Lembra daquela canção em que o Lulu adverte: “não leve o personagem pra cama, pode acabar sendo fatal”??? Pois então – o Zé Mayer entrou nessa. Ator considerado o “pica das galáxias”, por décadas ganhou os papéis mais machistas da Globo, recheado da prepotência misógena e que sempre foi aplaudido pela sua virilidade. Conheço várias mulheres que suspiraram com aquela coisa de “jeito de homem bruto”.

Sabia que grande parte do que chamamos de “cultura do machismo” se inicia pelas próprias mães, titias e avós, que nas primeiras manifestações à criancinha em formação inserem que “esse vai ser homem”, “vai ser o arraso da mulherada”, e procuram namoradinhas precoces e adoram mostrar o pinto do menino como troféu? Sim, os pais também entram nesta – mas é entendido pela criança como “de homem para homem” – não tem o impacto de uma mulher falando. Na “moleira psíquica” aberta, onde a criança é uma massa de modelar de seu ecossistema, mulheres reforçando comportamentos de pegador vai dar merda lá na frente. Ou repulsa ou exatamente o comando sugerido – dificilmente vai “dar em nada”.

Muitas mães criam o Frankstein e depois vestem camisa com hashtag. O buraco é mais embaixo. Dificilmente as campanhas vão converter um machista-misógeno. Esqueçam disso / o máximo é alertar que eles estão mais vulneráveis a serem punidos e abrir os olhos das mulheres para a não permissão. Uma nova verdade ou evolução de pensamento jamais triunfa porque seus opositores dão o braço a torcer e a aceitam. É preciso que seus opositores morram de verdade, e que no lugar deles, outros homens, mais sensíveis à causa tomem “posse”. Mas isso vai depender dos primeiros anos de criação. Papai e mamãe precisam se conscientizar disso.

O caso do José Mayer vai servir de algo muito bom. Um homem com todo o arquétipo consentido pela massa em ser o “comedor”, declara-se culpado, pede desculpas e promete reflexão profunda. Não sei se foi a assessoria ou ele que escreveu, e se é sincero ou não – pouco importa – ele quebrou o personagem que o Lulu falou e virou humano, falho, fruto de um ecossistema, como todos nós.

A pressão sobre as mulheres é grande, e que elas tenham inteligência para este momento e não deixem passar do ponto. Ser mulher não é fácil – Se foca na carreira, é carreirista, se quer ser mãe, é dondoca, se quer namorar muito é puta rodada, se quer sexo na primeira noite é atriz pornô, se quer ser executiva é complexada querendo se sentir superior… Se busca o equilíbrio, os dois lados censuram. Uma mulher com 30 anos sem filhos é vista como desesperada. Um homem? Acham que ele ainda está amadurecendo e vai ser um cara legal aos 40. Por isto eu admiro e não vivo sem mulher – e se mexeu com vocês, mexeu comigo também!

Ah, e seu vizinho? Ia virar textão demais falar dele. Deixa quieto.

Jordan Campos é  Terapeuta Clínico
www.jordancampos.com.br

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

Alan inicia seus trabalhos com o único objetivo, trazer a todos informação de qualidade, com opinião de pessoas da mais alta competência em suas áreas de atuação.

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