Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o relato de delator da construtora Odebrecht de que repassou dinheiro por meio de caixa 2 para abastecer campanhas de políticos tucanos:

Lamento a estratégia usada por adversários do PSDB que difundem “noticias alternativas” para confundir a opinião pública.A imprensa é instrumento fundamental da democracia. Usada por quem não é criterioso presta um mau serviço ao país.Parte do noticiário de hoje sobre os depoimentos da Odebrecht serve de sinal de alerta. Ao invés de dar ênfase à afirmação feita por Marcelo Odebrecht, de que as doações à campanha presidencial de Aécio Neves, em 2014, foram feitas oficialmente, publicou-se a partir de outro depoimento que o senador teria pedido doações de caixa dois para aliados.O senador não fez tal pedido. O depoente não fez tal declaração em seu depoimento ao TSE.É preciso serenidade e respeito à verdade nessa hora difícil que o país atravessa.Ademais, independentemente do noticiário de hoje tratar como iguais situações diferentes, não é o caminho para se conhecer a realidade e poder mudá-la.Visto de longe tem-se a impressão de que todos são iguais no universo da política e praticaram os mesmos atos.No importante debate travado pelo país distinções precisam ser feitas. Há uma diferença entre quem recebeu recursos de caixa dois para financiamento de atividades político-eleitorais, erro que precisa ser reconhecido, reparado ou punido, daquele que obteve recursos para enriquecimento pessoal, crime puro e simples de corrupção.Divulgações apressadas e equivocadas agridem a verdade, e confundem os dois atos, cuja natureza penal há de ser distinguida pelos tribunais.A palavra de um delator não é prova em si, apenas um indício que requer comprovação. É preciso que a Justiça continue a fazer seu trabalho, que o país possa crer na eficácia da lei e que continue funcionando.A desmoralização de pessoas a partir de “verdades alternativas” é injusta  e não serve ao país. Confunde tudo e todos.É hora de continuar a dar apoio ao esforço moralizador das instituições de Estado e deixar que elas, criteriosamente, façam Justiça.

             Fernando Henrique Cardoso

            Presidente de honra do PSDB.