Brasil amanhece com estradas (quase) livres

O blog faz um resumo das principais notícias envolvendo a crise gerada pela paralisação dos caminhoneiros e o principal assunto que irá envolver os brasileiros neste ano. Com informações do Meio Clipping.

O clima das estradas brasileiras não está pacificado, mas elas fluem. Nas contas da Polícia Rodoviária Federal, ainda há 197 pontos nos quais caminhoneiros se aglomeram. Diminuiu muito. Eram 616, no fim da terça-feira. No Sudeste, já não há mais bloqueios. Ontem, um caminhoneiro de 70 anos foi morto com uma pedrada na cabeça em Vilhena, Roraima. Seu caminhão estava parado e alguém, passando de carro, atirou a pedra. As batatas ainda não chegaram aos supermercados. E filas continuam se formando em postos de gasolina de todo o país. Depois de um tempo de chegada, o combustível ainda acaba. Mas, segundo a Petrobras, o ritmo de entregas já alcançou 80% da média diária normal. O litro do diesel chegará às bombas 46 centavos mais barato amanhã. E a isenção de pedágio para eixo suspenso entra em vigor hoje, ao menos em São Paulo. Eram as duas principais exigências dos grevistas.

Apesar de ter sido declarada abusiva, a greve dos petroleiros em refinarias segue. O Tribunal Superior do Trabalho aumentou a multa diária da paralisação, considerada de ‘natureza política e ideológica’, de R$ 500 mil para R$ 2 milhões. O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, José Maria Rangel, não nega o caráter político e não reivindicatório da greve. Segundo ele, os funcionários das refinarias pararam “para defender o Brasil”. (Estadão)

Na origem, a greve dos petroleiros é na verdade um protesto contra a prisão de Lula. Documentos encontrados por Josias de Souza no site da FUP mostram a trilha que levou à decisão de greve, num raciocínio que liga a nova política de gestão da Petrobras ao que consideram um desmonte de políticas do governo petista. Parte do processo seria o que consideram a ‘prisão política’ do ex-presidente. Por isso foi tomada a decisão de realizar a greve.

Aliás… No submundo da ultradireita de WhatsApp sobrou para todo mundo. Nele, aparentemente, a jornalista Rachel Sheherazade, o ativista Kim Kataguiri e o articulista Rodrigo Constantino viraram ‘comunistas’. (Folha)

Pois é… Em Gramado, quatro topógrafos do Exército foram rapidamente confundidos com os oficiais responsáveis pelo início da tal intervenção militar ‘constitucional’. (Correio do Povo)

Vinícius Torres Freire: “Um tanto como no Junho de 2013, no Maio de 2018 há uma revolta quase geral dos brasileiros contra si mesmos, mas os revoltados não sabem disso. Acreditam que a culpa de ‘tudo que está aí’ é do bode expiatório de duas cabeças, a corrupta e a política, que nos impede de chegar até o fim do arco-íris, onde está o pote de ouro a ser aberto e dividido para benefício geral, sem conflitos. Mais da metade dos brasileiros, 56%, acha que o paradão caminhoneiro deve continuar, sem mais. Quase nove em dez brasileiros estão em revolta desnorteada, uma escassa explicação restante para o apoio quase irrestrito a um protesto que está ou esteve à beira de levar economia e relações sociais ao colapso. Mas o povo que se revolta contra a mão pesada dos impostos é o mesmo que quer a mão do governo a balançar o berço, subsídios para todos. O neopopulismo diz que não há conflito social e político na disputa por recursos públicos e privados. O inimigo é o governante malvado, o corrupto. As principais lideranças políticas, em uma combinação de ignorância, irresponsabilidade e oportunismo demagógico, deixa circular por aí a ideia de que há maná para todos, que não há apropriação excessiva ou indevida de recursos públicos ou injustiças outras. Essa fantasia está para acabar, de um modo ou de outro. Os recursos públicos chegarão ao limite no ano que vem ou em 2020.” (Folha)

Alon Feuerwerker: “O governo está apanhando porque não deu pelota, ou estava desinformado, para a possibilidade de os caminhoneiros entrarem maciçamente em greve, por vontade própria ou estimulados pelos patrões. Erros acontecem, e desdenhar depois é fácil. Mais razoável é tentar entender o porquê. É melhor dizer as coisas como são. A elite brasileira, lato sensu, vive num universo paralelo. Nele, até outro dia, Pedro Parente era um gestor exemplar, a Petrobras finalmente havia sido expurgada das influências políticas e passara, graças aos céus, a ser gerida por critérios empresariais, buscando o maior retorno possível para os acionistas, e com seus executivos firmemente a caminho de cumprir as metas e receber o merecido bônus. Não ocorreu a ninguém que mudanças quase diárias nos preços dos combustíveis, em geral para cima, pudessem desorganizar completamente a cadeia brasileira de transportes, fortemente alicerçada em rodovias e combustíveis fósseis. É o caso de perguntar: se agora é possível reduzir o preço do diesel e congelar por 60 dias, por que diziam antes ser impossível?”

Elio Gaspari, psicografando Tancredo Neves: “Em outubro será escolhido um novo presidente. Muita gente dirá que as escolhas disponíveis são pobres. Nada posso fazer, mas novamente peço-lhes que olhem para trás. Em janeiro de 1964 o Brasil tinha dois candidatos: Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek. No clima polarizado, uma parte da militância e da elite política não aceitava a ideia de empossar o algoz de Vargas ou o mineiro que chamava de corrupto. Três meses depois começou uma noite que durou 21 anos. Durante a treva, o mais entusiasmado dos lacerdistas admitia que teria sido preferível uma vitória de JK. O mesmo se deu com o outro lado. Aliás, em 1967 os dois juntaram-se, mas já era tarde.”

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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