Júlio Páscoal: Transporte Coletivo e a COVID – 19

Passados cinco meses da pandemia decorrente do avanço da COVID – 19 no Brasil e de forma específica em Goiás, algumas constatações podem ser feitas.

A de que não basta o isolamento e o distanciamento social, se um conjunto de fatores não forem observados e resolvidos.
A testagem em massa, por exemplo permite o mapeamento, de contágio do vírus, dando aos agentes públicos, as ferramentas necessárias ao combate efetivo da doença.
Para além dessa questão, há pesquisas de grandes universidades, como recentemente a da USP, colocando o transporte coletivo como um dos principais vetores e contaminação.
Na atual modelagem as concessionárias desse tipo de serviço público, não vem respeitando as regras sanitárias em todo o país, pois trafegam com veículos lotados, sem o distanciamento social.
Os proprietários alegam que os preços das passagens estão defasados e que o setor também encontra-se com dificuldades para manter toda a frota circulando.
A situação em tela, fez com que em alguns estados, e cidades médias, grande parte da frota de ônibus, deixassem de rodar sendo necessário a demissão de motoristas e de colaboradores, de áreas que lhes davam suporte técnico e operacional.
A medida tomada pelas concessionárias fez engrossar a fila de desempregados no país e ainda, vem prejudicando os usuários desse tipo de modal público, uma vez que passaram a promover as aglomerações dentro dos veículos, desrespeitando uma das principais regras sanitárias, o distanciamento social.
O resultado tem sido o aumento do número de contaminações e óbitos.
Em Goiás e principalmente na região metropolitana de Goiânia, a situação tem sido a mesma. Algumas tentativas como o escalonamento do horário de funcionamento do comércio e das indústrias, estão sendo em vão, porque com a retirada de um número substancial de veículos de circulação, a aglomeração continua principalmente nos horários de pico.
Há saídas para resolver a questão? Sim, mas precisa haver planejamento e boa vontade dos atores envolvidos na questão.
A principal seria uma revisão dos custos pelas empresas, sem aumentar os valores a serem pagos pelos usuários, que já sofrem demasiadamente com crise atual.
A diferença a ser paga seria rateada pelos municípios das regiões metropolitanas no país de forma proporcional ao número de usuários.
Os Estados entrariam com uma parte para evitar o desequilíbrio financeiro dos municípios, podendo esses recursos virem do próprio pacote do governo federal, destinados a cada um para o combate do vírus.
Nesse caso não a que se falar em desvio de finalidade, porque os recursos a serem disponibilizados, entrariam como subvenções sociais evitaria o contágio e a propagação do vírus, uma vez que os veículos circulariam com a metade do número de usuários previstos.
Para tanto as concessionárias deveriam colocar toda a frota em circulação e garantir o cumprimento dos protocolos sanitários, disponibilizando o álcool em gel e o distanciamento social.
O novo modelo, seria bom para as empresas, manteria o custo das passagens para os usuários, não pesaria para os municípios, e para os governos, porque teriam os gastos reduzidos com internações e em unidades de terapia intensivas.
Os recursos públicos seriam utilizados no âmbito da pandemia, evitando com isso o aumento das contaminações e óbitos, passado esse período, novas negociações devem ser feitas, para não cair a qualidade dos serviços nessas regiões.

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

Alan inicia seus trabalhos com o único objetivo, trazer a todos informação de qualidade, com opinião de pessoas da mais alta competência em suas áreas de atuação.

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