Cerca de 100 mil toneladas represadas de carne aguardam uma posição

Suspensão da entrada de carne bovina vinda do Brasil começou há seis semanas, quando casos de “vaca-loura” foram anunciados no país

Cerca de 100 mil toneladas represadas de carne aguardam uma posição da China sobre veto que já dura seis semanas, a partir da divulgação dos casos de “vaca-loura” no Brasil. A estimativa é da consultoria especializada Safras & Mercado.

“Isso está represado desde o embargo. Normalmente a carne é inspecionada e despachada na sequência para os portos e de lá segue para o país de destino. Mas, com a China descredenciando o Brasil, o fluxo foi interrompido”, diz o consultor Fernando Iglesias.

O volume da carne estocada é uma estimativa informal, já que os frigoríficos não divulgam essa informação. No entanto, a Associação Brasileira de Frigoríficos informou que o Brasil exportou mais de 100 mil toneladas de carne bovina em setembro para a China, referentes a contatos firmados antes do veto.

A expectativa agora, segundo fontes ouvidas pela reportagem, é sobre a posição da China em relação às toneladas enviadas. Mesmo que sejam de contratos anteriores à descoberta da doença, ainda não há uma confirmação de que essas cargas foram entregues ao país asiático, ou barradas para serem devolvidas.

A China é o principal parceiro comercial brasileiro, e foi destino de 58% dos embarques de carne bovina de janeiro a setembro de 2021, o que corresponde a US$ 3,8 bilhões. O Jornal Esperança Brasil entrou em contato com as principais exportadores de carne bovina do país.

A Minerva Foods disse que segue com suas plantas no Uruguai e na Argentina para substituir a demanda da China. “Seguimos atendendo a demanda chinesa por meio de nossas operações nos outros países, sem comprometer o relacionamento com nossos clientes e nosso Market share, o que reforça a diversificação geográfica como uma de nossas principais vantagens competitivas”, disse em nota. Já Marfrig afirmou que “está em período de silêncio por conta de sua divulgação trimestral de resultados financeiros e não vai comentar”. A JBS também foi procurada pela J.E.Brasil e disse que não vai falar sobre assunto.

Preços no mercado interno Esse cenário já faz com que empresas procurem no mercado interno um destino mais rápido para o produto. “Frigoríficos já começaram a relatar que parte da carne que está nas câmaras frias já foi disponibilizada no mercado interno”, diz Iglesias.

A movimento impacta diretamente nos valores, e a precisão é de que os preços caiam “Os preços da carne no atacado estão cedendo, ainda não chegaram ao varejo, mas é questão de tempo”, diz. A partir de uma coleta diária dos preços do mercado físico e também do atacado dos preços do boi gordo e da carne bovina no atacado, a consultoria estima que os preços podem cair de 10% a 15%, caso todo esse estoque chegue ao mercado interno.

No varejo, os preços podem cair em até 10%. “Tradicionalmente o varejo traduz movimentos de queda de maneira mais lenta e em menor intensidade”, diz. Exterior repercute duração de veto O veto da China à carne brasileira repercute no exterior. O Brasil interrompeu voluntariamente a exportação de carne para a China, seu maior mercado, ainda no começo de setembro, após a confirmação de dois casos da doença em duas fábricas distintas.

Depois, porém, mesmo com o controle dos casos no Brasil, a interrupção chinesa foi mantida . O tema foi abordado pelo Financial Times nesta semana. Segundo o jornal, o veto prolongado já preocupa autoridades brasileiras e pode reduzir exportações de aproximadamente US$ 4 bilhões por ano (equivalente a R$ 21,8 bilhões).

Na última semana, a Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) concluiu um relatório a respeito dos dois casos de vaca louca e apontou que não há risco de proliferação da doença, segundo o professor de economia do Insper, Roberto Dumas, em entrevista à J.E.Brsail. A derrubada do veto à carne, no entanto, ainda não aconteceu.

 

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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