Caroline Santana: Aos pedaços

Todas as vítimas tinham rostos, histórias, amores, frustrações, alegrias para contar, aventuras para viver, mas partiram sem dizer adeus. Assim como a dupla Leandro & Leonardo não aprenderam. Eu nunca me acostumarei com essa questão da morte. Porque muitas vezes enxergamos sua cara, e como citou Cazuza na sua canção, ‘ela estava viva’. Esperamos que um dia o inverno passe e as cicatrizes, assim como as da canção sertaneja estejam mais suaves. Porque elas jamais serão esquecidas.

Estou aos pedaços, em prantos, vivendo um luto nacional por aqueles os quais não conhecia e pelos que vi passar na minha vida. Vale sempre lembrar que devemos deixar as pessoas as quais amamos com um sorriso no rosto e que elas saibam o quanto as amamos. Que apenas o vírus do amor possa circular entre a nação, entre gestos de solidariedade e carinho. É uma tragédia jamais vista. Não podemos compará-la a nada. Nem a outros desastres causados pela mãe natureza ou pela mão humana.

Toda dor chega para te lembrar que você é vulnerável, mesmo que seja forte diante dos desafios da vida. A fragilidade baterá no seu rosto quando as lágrimas caírem. Podemos descrever as histórias de pais, mães, filhos, irmãos que se foram por conta da Covid-19 que alastrou-se no mundo. Triste! Enquanto alguns lamentam suas perdas, outros seguem em frente. E outros parecem não querer enxergar a gravidade dos diversos problemas que o País enfrenta. Parece mais um pedaço que teremos que catar ao longo do caminho.

Cada dado que lemos, ouvimos e percebemos é alguém que deixou este plano terrestre sem dizer que amava muito a esposa, os filhos e os amigos. Que trabalhava duro para sustentar alguma casa, que admirava o que fazia e estava deixando para a sociedade. Que sabia fazer café, se agradava e tinha sonhos. Que fazia planos, havia cuidado de alguém, e muitas vezes no fim da vida nem teve a chance de ser cuidado. Porque o distanciamento ainda se faz necessário.

Espero que não pense duas vezes ao colocar sua máscara para sair à rua. Governos tiveram que colocá-la como obrigatória, mas só para que todos se conscientizem da sua importância neste momento. Se você ama os seus e o próximo, use a máscara quando for sair de casa. Ela não é mais um acessório. É a sua proteção, é a minha. É o que temos para hoje além da saudade que fica. Que os meus pedaços misturem-se aos seus e façamos uma obra solidária de paz e esperança para que o vírus vá embora. Contudo, ele não vai sem antes nos ensinar. Cada pedaço meu neste momento encontra-se com outro no horizonte porque nossa fé precisa ser abastecida e ser a prioridade dos nossos dias.

No futuro, o nosso presente será lamentável ao ser contado. Teremos vergonha de mostrar tudo que vivemos e passamos. Mas podemos recomeçar agora a ser um sinal de luz e amor para os que ficam. Não me deixe cair aos pedaços. Continue a me amar assim como eu amo você. Basta um sinal para que nos reconheçamos como irmãos e humanos que precisam se unir sem se aglomerar muito mais do que jamais imaginamos.

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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