PF faz buscas nas casas de André Esteves, do BTG, e de Graça Foster, ex-Petrobras

Polícia Federal deflagra na manhã desta sexta-feira (23) a 64ª fase da operação Lava Jato.

Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (23) a 64ª fase da operação Lava Jato que tem como alvos de mandados de busca os ex-presidentes da Petrobras, Graça Foster, e do BTG Pactual, André Esteves.

Ambos são investigados pela venda de ativos da Petrobras na África para o banco, em 2013, durante o governo Dilma Rousseff (PT). Segundo a investigação, os ativos podem ter sido subfaturados na venda, favorecendo o BTG.

Segundo o Ministério Público Federal, 50% dos ativos foram vendidos por US$ 1,5 bilhão, mas, na avaliação inicial, a totalidade do negócio compreendia valores entre US$ 5,6 bilhões e US$ 8,4 bilhões.

O Ministério Público Federal aponta ainda que há indícios de que houve restrição à concorrência na compra, favorecendo o BTG, que também teve acesso a informações sigilosas.

Outra prova indicada pelos procuradores é o pouco tempo de discussão da proposta de venda na estatal: o negócio foi aprovado pela diretoria executiva em um dia e pelo conselho de administração no dia seguinte.

Foto de capa: O banqueiro André Esteves, dono do BTG, acusado por Antonio Palocci de ter pago propina para ter negócios no pré-sal – Gabo Morales /Folhapress

Outra frente de investigação dessa fase trata do relato do ex-ministro petista Antonio Palocci.

Nos documentos da Odebrecht, ele é chamado “Italiano”. O objetivo da PF é identificar outros beneficiários do dinheiro da planilha denominada “Programa Especial Italiano”.

Em delação premiada, Palocci contou que André Esteves teria acertado o repasse de R$ 15 milhões para garantir privilégios ao BTG Pactual no projeto das sondas do pré-sal da Petrobras.

Segundo Palocci, parte desse valor teria sido entregue em espécie a Branislav Kontic, então assessor do ex-ministro, na sede do banco.

A Lava Jato apura ainda se Graça Foster tinha conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras enquanto esteve à frente da estatal, de 2012 a 2015. Emails de Marcelo Odebrecht e depoimentos de Palocci teriam indicado que ela não adotou medidas para apurar ou impedir o esquema na empresa.

Na quarta-feira (21), a PF prendeu Mauricio Ferro, que era diretor jurídico da Odebrecht. Na casa dele, a polícia afirma ter encontrado quatro chaves de criptografia para acessar informações que podem ser inéditas e relacionadas ao setor de propinas da empresa.

Ao todo, nesta sexta-feira, estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro da planilha. Segundo a PF, os crimes abrangem corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Esta fase é chamada de operação “Pentiti”, que significa “arrependidos”. O termo faz referência a integrantes de organizações criminosas italianas que, após as prisões, se “arrependeram” e passaram a colaborar com as investigação.

Em maio, em reportagem da Folha mostrou que Palocci disse em delação premiada que o banqueiro André Esteves deu R$ 5 milhões para cobrir custos da campanha da petista Dilma à Presidência da República, em 2010.

À época, procurado pela reportagem e informado sobre o teor da reportagem, Esteves não quis se manifestar.

A contrapartida seria o governo petista transformar Esteves no “banqueiro do pré-sal”, segundo Palocci disse aos policiais federais em seu acordo de delação. Procurado pela reportagem e informado sobre o teor da reportagem, Esteves não quis se manifestar.

Palocci assinou três acordos de delação, dois com a Polícia Federal, de Curitiba e Brasília, e um com o Ministério Público Federal do Distrito Federal. O acordo de Curitiba foi recusado pela Procuradoria e criticado pelo procurador da Lava Jato Carlos Fernando Lima, que o chamou de “acordo do fim da picada”. Mais tarde, foi assinado com a Polícia Federal e homologado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Num outro caso, de 2015, André Esteves foi inocentado. Chegou a ficar 23 dias preso naquele ano por seu nome ter sido citado em conversas gravadas por um delator, num esquema que seria capitaneado pelo ex-senador do PT Delcídio do Amaral para obstruir a Lava Jato. Sem provas além da menção nas conversas, a prisão de Esteves foi revertida, e o caso, encerrado pelo Supremo Tribunal Federal.

A história agora contada por Palocci, negada por alguns dos citados e sem documentos que a comprovem, consta do termo de colaboração 7 do conjunto de histórias que compõem a delação que tramita em Curitiba e serve como base para investigação de desvios na Petrobras.

O documento tem data de 17 de abril de 2018 e trata de operações financeiras relativas ao financiamento da construção de navios-sonda que atuariam nos campos de petróleo em alto mar.

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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