VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Mulheres morrem mais por agressão que por câncer em 12 cidades do país

Enquanto, em todo o Brasil, a média de mortes femininas por violência representa 0,88% do total, há lugares em que salta para 9,5%

Mulheres residentes em ao menos 12 municípios do país têm as mesmas – ou mais – chances de morrer vítimas de agressão do que de doenças do sistema circulatório ou câncer (as duas principais causas de óbitos femininos no país). Enquanto, em todo o Brasil, a média de mortes femininas por agressão representa 0,88% do total, há cidades em que esse número salta para até 19,5%. Números resultantes do cruzamento de dados oficiais que constam no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde com dados populacionais extraídos de pesquisas do IBGE.

Para as mulheres que moram em Barcelos (AM), por exemplo, a principal causa de morte é a agressão. No período analisado, 48 delas foram vítimas de violência, frente às 34 que morreram por problemas no sistema circulatório (como doenças hipertensivas, isquêmicas e AVCs) e às 17 que faleceram vítimas de câncer (todos os tipos). Isso faz com que as mulheres desse município, de 27.589 habitantes, convivam com a maior proporção de mortes femininas em decorrência de agressão em todo o país: 19,5% dos registros oficiais – uma em cada cinco.

As mulheres que residem em Alto Alegre e Caracaraí, duas cidades que ficam em Roraima e têm populações de 16.053 e 20.537 pessoas, respectivamente, também enfrentam números que merecem atenção. Entre 2007 e 2016, 34 das mulheres residentes em Alto Alegre morreram em decorrência de agressões. Trinta foram vítimas de câncer. Em Caracaraí, 46 mulheres residentes no município faleceram pela violência, 29 de câncer e 43 por problemas de circulação. Neste município, a violência também aparece como a maior causa mortis de suas residentes. Vítimas de agressão no período do estudo representaram, respectivamente, 10,1% e 17,3% do total de óbitos dessas duas cidades.

Quando a análise dos dados do SIM é feita a partir do local da ocorrência da morte – e não mais a partir da cidade de residência da mulher morta – Barcelos, Alto Alegre e Caracaraí voltam a se destacar. Nos mesmos 10 anos, morreram de agressão em Barcelos 38 mulheres em decorrência de violência; 13 por câncer e 30 por problemas no sistema circulatório. Em Alto Alegre, os registros públicos indicam 32 (agressão), contra 14 (câncer) e 17 (circulatórios). Em Caracaraí, 54 (agressão), frente a 11 (câncer) e 20 (circulatórios).

Se analisadas as estruturas de saúde disponíveis nesses três municípios em 2016 – sempre tomando por base os dados do Ministério da Saúde – constata-se que apenas Caracaraí não tinha um hospital geral para atender tanto as suas residentes quanto as mulheres que buscaram auxílio vindas de outras partes do país.

100 casos por ano
Por conta do tamanho de suas populações, São Paulo e Rio de Janeiro obviamente aparecem em primeiro e segundo lugares na lista das cidades com o maior número absoluto de casos de mulheres residentes mortas por agressão, se somados todos os registros feitos entre 2007 e 2016. Foram 1.497 casos na capital paulista e 1.197 na capital fluminense. Proporcionalmente, no entanto, são as capitais com menos registros desse tipo. Eles representam 0,4% do total de óbitos femininos. Mas, ainda assim, vale destacar que as duas metrópoles precisam enfrentar a dura realidade de conviver com uma média anual de mais de 100 mortes femininas desse tipo todos os anos.

A única outra capital que vive a mesma realidade em termos absolutos – ou seja, com mais de mil casos ao longo de 10 anos – é Salvador. Boa Vista aparece na pesquisa feita como a capital que merece maior atenção das autoridades e dos movimentos em defesa das mulheres. Os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, que, segundo o Ministério da Saúde, “capta todos os óbitos do país a fim de fornecer informações sobre mortalidade para todas as instâncias do sistema de saúde”, mostram que 2 em cada 100 mulheres que moram por lá morreram vítimas de violência nos anos avaliados – mais do que o dobro da média nacional.

 Fonte: Portal Metrópoles

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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