Redes sociais: o perigo que vem das telas

Há um bom tempo analiso e me preocupo com as mídias sociais.
Entendi que o espaço se transformou em um palco de guerra de narrativas, onde o querer estar certo e provar a todo custo uma verdade, tem transformado a sociedade, numa sociedade doente e de doentes.
Por isso não devemos contribuir com esse cenário de horror.
O nós contra eles e o eles contra nós, transformou a todos em inimigos, seja pelo caráter ideológico, pela opção de gênero, raça, origem, orientação política e tantas outras divisões, que se fosse apontar aqui, necessitaria de horas para enumerá-las.
Fomos estratificados em tantas camadas, em tantas gavetas e em tantas pastas que passamos a nos odiar com discursos cada vez mais ofensivos, sem ao menos nos dar a oportunidade de conhecer melhor o outro, – estamos cheios de justificativas, explicações, teorias, opiniões (muitas delas fajutas) e assim vamos aos debates com os amigos, e de repente, levantamos asqueirosamente de uma mesa de bar, de jantar ou de um churrasco, – zangados, salivando ou destilando raiva pelos olhos já avermelhaados com o sangue quente que nos subiu a cabeça.
E tudo isso por quê? Porque não fomos aceitos nas nossas convicções? Discordaram da nossa verdade? Questionaram as nossas teorias? Porque agora não somos mais livres e sim escravos de um posicionamento pelo qual estamos defendendo e não podemos nos afastar por teimosia?
Deste modo, nessa crença, afundamos mais na guerra de narrativas na qual nos fixamos e agora queremos ganhar a qualquer custo para mostrar ao “outro” que nós estávamos certos e eles não, mesmo que isto custe jogar lenha no caldeirão do inferno social.
Quem nos dividiu assim? Quem vem perturbando e envenenando diariamente as mídias sociais com discurso de ódio? Quem alimenta essa guerra de narrativas? Que vírus maldito é esse que contamina pessoas de bem que passam a ver unicórnios em condomínios, fadas e duendes em mochilas de estudantes? Dragões malvados dentro de uma caixa de vídeo game? E não são capazes enxergar o óbvio que está bem à sua frente? Quem quer nos fazer estar certos e infelizes ao invés de felizes sem a necessidade da certeza de estar certo? Até porque, a certeza só ao futuro cabe.
Alguns perguntam o que está acontecendo com o Brasil? Afinal de contas: Brumadinho, Fortaleza, Suzano?
– Respondo com tristeza no olhar e tantos outros? –  (com a ajuda da internet) senão vejamos, uma sintética retrospectiva: Naufrágio do Príncipe das Astúrias (1916) (477 mortos); Incêndio no Gran Circus Norte-Americano (1961) (503 mortos e mais de 300 feridos); Enchentes e deslizamentos de terra em Caraguatatuba (1967) (436 mortos na contagem oficial); Deslizamento de terra Serra das Araras/RJ (1967) (+ de 1.700 mortos); Incêndio no Edifício Joelma (1974) (187 mortos e 300 feridos); Incêndio no Edifício Andraus (1972) (16 mortos); Acidente aéreo da Varig em Orly, na França (1973) (123 mortos); Incêndio Lojas Renner (1976) Porto Alegre/RS (41 mortos e 65 feridos) – Incêndio Edifício Grande Avenida São Paulo/SP (1981) (17 mortos e 59 feridos) – Incêndio na Vila Socó, em Cubatão (1984) (93 mortos e 3 mil desabrigados); Incêndio Edifício Andorinha (1986) Rio de Janeiro/RJ (21 mortos e + de 50 feridos); Naufrágio do Bateau Mouche (1989) (55 mortos); Massacre do Carandiru (1992) (111 mortos); Explosão no Osasco Plaza Shopping (1996) (42 mortos e 372 feridos); Acidente aéreo com o Fokker 100 da TAM (1996) (99 mortos); Incêndio de uma creche (2000) Uruguaiana/RS (12 mortos – crianças de 2 a 4 anos); Incêndio Canecão Mineiro (2001) Belo Horizonte/MG (7 mortos e + de 300 feridos); Incêndio Acidente aéreo em Congonhas (2007) (199 mortos e 13 feridos); Chuva e inundação em Santa Catarina (2008) (135 mortos e mais de 5 mil desabrigados); Acidente aéreo da Air France Rio-Paris (2009) ( ‎228 mortos); Chuva e deslizamento na região serrana do Rio de Janeiro (2011) (917 mortos e 345 desaparecidos); Incêndio do Trio Elétrico (2011) Bandeira do Sul/MG (16 mortos e 55 feridos); Tragédia na Escola do Realengo/RJ (2011) (12 mortos e 13 feridos); Incêndio na Boate Kiss (2013) (242 mortos e 680 feridos); Naufrágio em Itaparica/BA (2014) (19 mortos e 89 feridos); Rompimento de barragem em Mariana/MG (2015) (18 mortos e 1 desaparecido); Incêndio Creche Gente Inocente (2017) Janaúba/MG (14 mortos – 10 crianças e 55 feridos)… e por aí vai, há muito mais… a lista é muito longa…
Entre tragédias naturais e outras cuja as causas possam advir da negligência de um indivíduo ou da administração pública e seu tradicional descaso, a imperícia e a imprudência dos agentes causadores, vamos encontrar o desequilíbrio na guerra de narrativas que incita o ódio, a profusão de mentiras – “fake news” compartilhadas por bandidos travestidos de jornalistas, influencers digitais, pseudo intelectuais, os doutorzinhos recém formados por universidades brasileiras colocadas no rabicho das listas se comparadas com aquelas que realmente produzem conhecimento, e imprudentemente destilam e repetem teorias mal acabadas, as quais, nem eles e nem seus professores sabem a quem elas servem e qual a finalidade que repousa por de trás da fachada ostentada pelo discurso, embora de aparência social, na verdade esconde autoritarismos velados e sistemas de extrema violência, aliás são eles próprios os responsáveis por essa guerra de narrativas.
Assim, acordo pela manhã, faço minha higiene pessoal, tomo meu café, rezo e peço a DEUS que nos dê um pouco de compreensão, respeito, tolerância e principalmente – PACIÊNCIA, diante de tantos pacientes enfermos tomados por esse vírus da imbecilidade ideológica e da certeza de que se quer ter certeza de tudo, quando na VERDADE, somos portadores da mais absoluta IGNORÂNCIA, o que nos falta é humildade em reconhecer, no entanto o narcismo e a soberba “acha feio o que não é espelho”.

Autor: Alexandre Luiz Bernardi Rossi Adaptação: Alan Ribeiro

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