Caminhoneiros e seus patrões param país

Na noite de ontem, um Pedro Parente consternado anunciou redução de 10% no preço do diesel que sai das refinarias. Informou, também, que congelará por 15 dias este valor. “É uma medida de caráter excepcional”, afirmou o presidente da Petrobras, “são 15 dias para que o governo converse com os caminhoneiros.” Ele defende que o preço do combustível tem de flutuar de acordo com o dólar e o valor do barril no mercado internacional. Por enquanto, os caminhoneiros não cederam. No terceiro dia de paralisação, mais de 200 trechos de rodovias federais foram afetados. Em São Paulo, os postos do interior começaram a ficar sem combustíveis. No Rio, o diesel não chegou às garagens de ônibus. Nas duas capitais, as empresas reduziram suas frotas. Os correios suspenderam temporariamente as postagens das encomendas com dia e hora marcados. E as empresas aéreas também avisaram: haverá impactos para as operações em decorrência da falta de abastecimento de combustível em alguns aeroportos brasileiros. (Estadão)

Parente afirmou que a decisão foi da empresa, sem interferência do governo federal. “Eu não vejo que nossa independência tenha sido arranhada com esta decisão, porque foi tomada por toda a diretoria. Não vejo nenhum arranhão em nossa autonomia.” Em Nova York, as ações da Petrobrás chegaram a cair mais de 13%, após o fechamento do mercado. (Globo)

Já era quase de madrugada quando a Câmara votou a reoneração da folha de pagamento. Aumentando a carga tributária sobre salários, pôde diminuir a que incide sobre combustíveis. Além de zerar a Cide, como haviam prometido na terça, os deputados eliminaram também PIS e Cofins. Sem conhecer o impacto da perda. O governo tentará reverter no Senado a decisão.

Leandro Colon: “O governo de Michel Temer não aguentou três dias de greve de caminhoneiros. Sentiu o peso político de um país à beira de uma paralisia causada pelos protestos, não suportou a pressão, esqueceu o que dissera e foi à lona. Mostrou ao país e ao mercado internacional que a Petrobras topa perder um bom dinheiro (ao menos R$ 100 milhões no caixa da empresa) diante da incapacidade de enfrentar 72 horas de chantagem de uma categoria.” (Folha)

Miriam Leitão: “A greve dos caminhoneiros só pode chegar ao ponto em que chegou com a conivência dos empresários da indústria de transportes. Tanto é verdade que um dos pedidos feitos é de que não houvesse reoneração da contribuição patronal do setor. Todos os outros serão reonerados. O governo pode ceder, nos impostos ou na política de preços, mas não se livra do fato de que o país está vulnerável a essa chantagem. Caminhões transportam 64% da carga do país e essa parcela tem se mantido nos últimos anos. Nestes dias ficou claro que, além de ser uma irracionalidade ambiental e econômica, a dependência ao setor pode encurralar o governo, desorganizar a economia e transtornar a vida dos consumidores. O país precisa levar a sério o esforço de investir em outros modais.” (Globo)

Celso Ming: “O argumento de que os preços ao varejo têm de ser previsíveis, como está nos comunicados da associação dos caminhoneiros, não guarda relação com a prática da economia. Os preços do tomate, do chuchu, da batatinha, da alface, de todos os grãos e das carnes variam todos os dias. As cotações das commodities mudam até mesmo ao longo do dia. As tarifas das passagens aéreas ou dos táxis regidos por aplicativos podem mudar a qualquer momento. Os mais importantes preços do dinheiro, o câmbio e os juros, também. Enfim, os principais preços da economia não garantem a pretendida previsibilidade, nem no atacado, nem no varejo. Exigi-la para os combustíveis é ignorar a realidade. O maior problema dos preços dos combustíveis no Brasil não é a periodicidade dos reajustes, que pode ser diária, mas a altíssima carga tributária sobre os preços no varejo.” (Estadão)

Com informações do Meio Conteúdo

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Alan Ribeiro
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